Flávio Dino diz que é ‘indiscutível’ atuação de milícia no assassinato de Marielle

Marielle, PF
A vereadora Marielle Franco, no plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. (Crédito: ASCOM/Câmara Municipal)

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta segunda-feira (24/7) que as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018 indicam participação de milícia e do crime organizado.

“Sem dúvida há a participação de outras pessoas, os fatos revelados e as provas colhidas indicam isso. Indica uma forte vinculação desses homicídios, especialmente da vereadora Marielle, com a atuação das milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro. Isso é indiscutível”, disse à imprensa.

Nesta segunda, a Polícia Federal deflagrou a operação Élpis, que apura o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes. Na ação, que teve como ponto de partida a delação do ex-PM Élcio Queiroz, foi preso o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa. Queiroz confirmou sua participação no crime e disse ainda que Maxwell e o ex-PM Ronnie Lessa, que está preso, também participaram.

“Há convergência entre a narrativa do Élcio e outros aspectos que já se encontravam em posse da polícia. O senhor Élcio narra a dinâmica do crime, a participação dele próprio e do Ronnie Lessa e aponta o Maxwell e outras pessoas como copartícipes”, disse Dino.

De acordo com o ministro, essas informações colocam um fim nas investigações sobre a execução do crime. No entanto, segundo ele, as investigações continuam para descobrir quem foram os mandantes do crime. “Não há, de forma alguma, a afirmação de que a investigação se acha concluída, pelo contrário. O que acontece é uma mudança de patamar da investigação”, explicou.

Embora tenha feito acordo de delação premiada, Élcio seguirá preso em regime fechado. Dino assegurou que ele terá benefícios pelo acordo, mas não detalhou. Justificou que a delação é sensível e envolve pessoas com “notória periculosidade”. O caso está em segredo de justiça.

Entenda a investigação que apura quem matou Marielle Franco

Marielle e Anderson foram assassinados em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, quando a vereadora ia embora de um evento público. No ano seguinte, dois suspeitos de envolvimento no crime foram detidos, o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz.

Há cinco anos o caso é investigado e os mandantes do crime ainda não foram identificados. A suspeita é de que tenha sido um crime político, com envolvimento das milícias.Um dos motivos levam a esse entendimento é o fato de a vereadora ter tido atuação marcada pelo combate às milícias.

Antes de ser eleita, ela havia trabalhado com o ex-deputado estadual Marcelo Freixo, quando ele comandou a CPI das Milícias no Rio de Janeiro. À época, quando liderou a CPI, Freixo sofreu uma série de ameaças. A comissão foi responsável por destrinchar o funcionamento e as denúncias contra as milícias.

A vereadora havia sido a 5ª mais votada nas eleições no Rio em 2016. Além de ser conhecida por atender vítimas da milícia e por dar apoio a policiais vitimados pela violência no Rio e às suas famílias, ela denunciava abusos da Polícia Militar.

Fonte: JOTA Info
https://www.jota.info/executivo/flavio-dino-diz-que-e-indiscutivel-atuacao-de-milicia-no-assassinato-de-marielle-24072023

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