O registro do óbito de um brasileiro no estudo clínico da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford para Covid-19 não preocupa a Anvisa, no que diz respeito à segurança dos outros voluntários.
As mortes são esperadas em ensaios clínicos desse tipo, especialmente porque é essencial que os dois grupos de voluntários (placebo e vacina) contraiam a doença para que possa ser avaliada a eficácia do imunizante. Não revelar a qual grupo pertence o óbito faz parte do processo, que só revela os resultados após a abertura dos dados e análises ao final do estudo.
A informação sobre a morte de uma pessoa por complicações em decorrência do coronavírus foi recebida pela agência na segunda-feira (19/10). A reguladora manterá detalhes sobre o caso em sigilo. Seguindo o protocolo, não será divulgado se o voluntário recebeu placebo ou vacina.
Ao contrário de episódios de reação adversa, como o que suspendeu temporariamente os ensaios da vacina de Oxford em setembro, a ocorrência de um óbito faz parte dos desfechos possíveis em um ensaio clínico dessa magnitude. Cabe registrar que a Anvisa, assim como outras reguladoras sanitárias, trabalha com a possibilidade de eficácia mínima de 50% para concessão de registro para esses imunizantes.
A Anvisa divulgou nota sobre o episódio:
“Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020. Foram compartilhados com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação.
Portanto, a Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.
A Anvisa está comprometida a cumprir esses regulamentos, de forma a assegurar a privacidade dos voluntários e também a confiabilidade do país para a execução de estudos de tamanha relevância.
A Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira.”
Gustavo Gantois – Editor em São Paulo. Responsável pela cobertura regulatória das agências voltadas à saúde, além de assuntos relacionados ao mercado de capitais e concorrência. Antes, foi secretário de Comunicação Social do CNJ e passou por veículos como IstoÉ Dinheiro, IstoÉ, Correio Braziliense, IG, R7 e Terra. Email: gustavo.gantois@jota.info
Manoela Albuquerque – Repórter em Brasília. Especializada na cobertura de saúde, regulamentação e política. Foi setorista do Palácio do Planalto, durante o primeiro ano do governo Bolsonaro, pelo Metrópoles. É formada em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo e fez intercâmbio acadêmico na Universidade do Porto, em Portugal. Email: manoela.albuquerque@jota.info
Fonte: JOTA Infohttps://www.jota.info/tributos-e-empresas/saude/morte-vacina-oxford-21102020